segunda-feira, 29 de outubro de 2012

O FANTASMA DA PENHA !!!

Elenco participante da encenação da lenda
 "O fantasma da Penha"


Elisangela Polese (Moradora, Anjo e Nossa Senhora da Penha)
Evelyn Neto (Moradora e Anjo)
Fernanda Melo (Moradora e Fantasma)
Júlive Argentina (Frade)
Valéria Magewsck (Filmagem)

Participação Especial:
Isla Maria (Moradora e Anjinho)

Edição do Vídeo e Agradecimentos:
Pedro Carlos Polese
 


A LENDA: 
"O FANTASMA DA PENHA"

Estavam os religiosos beneditinos instalados, no seu mosteiro, em Vila Velha, quando receberam a visita de um confrade, em passagem para o Rio de Janeiro.

Aproveitando o frescor de uma tarde, resolveu o itinerante dar uma voltinha, a fim de conhecer a terra e conversar com os moradores, para inteirar-se dos seus costumes, e colher informes da região.

Conversa-vai, conversa-vem, surgiu, para forte admiração do estranho, uma notícia fantástica: - No caminho da Penha, (hoje Ladeira do Convento), ainda sem a calçada de lajes e divisão, nos Sete Passos murados, havia uma pavorosa assombração! Acompanhava os que, depois da Ave-Maria, tentavam galgar o Monte, encimado pela Ermida de Nossa Senhora. Tomava-lhes a frente, ás vezes. Não os deixava, porém, repousar, no pequeno templo das Palmeiras.

Resolveu o beneditino desvendar o ministério; provar àquele povo inculto sua coragem de enfrentar o pavor da noite. Passada a hora do Ângelus, tomou de uma lanterna e encetou lentamente, o arrojo da ascensão.  Vagalumes rebrilhavam. Saltavam aves noturnas, com os seus pios e arrulhos.

Vencido o primeiro Passo, quando o luar já prateava algumas clareiras e coava-se, até as pedras cobertas de musgo, eis que espantoso vulto se lhe acerca; transforma-se em vários aspectos sucessivos, segue-o, eqüidistante e ameaçador até o final do percurso.

Na capela, tenta o monge repicar o sino, de modo a comprovar, aos habitantes da Vila, o êxito de sua aventura.

Nada!... Horrenda figura, presa à corda, opunha-se à realização do seu plano; provocava luta indispensável, até que o frade, invoca a Virgem da Penha, e implora o seu celestial socorro. Animado, assim, de filial confiança, vence o temeroso espectro, e toca ardorosamente o sino. Logo, porém, o monstro, dominado pelo furor do evidente fracasso, prende-o com a maior violência, e atira-o, no espaço.

Sente-se logo o nosso herói cercado de anjos, que o amparam e, na segurança de um vôo, trazem-no incólume, suavemente, ao ponto em que, reunidos, o esperavam aqueles moradores da Vila, admirados, agora, de vê-lo chegar tão depressa, quando ainda se ouviam as últimas vibrações do bronze.

- Foi Nossa Senhora da Penha!... – Exclamou o beneditino.

Referências: 

Campaneli, Rodrigo. O fantasma da Penha. Vitória: Casa Campaneli, 2001.(Coleção as mais Belas Lendas Capixabas)

Coradine, Marcia ; Gerlin, Meri Nadia. Pássaro de fogo: lendas, contos e cantos. Vitória: GSA, 2007. ISBN 978-85-89858-24-3. (Inclui 1 CD de áudio)


5 comentários:

  1. Uma pena que os capixabas conheçam tão pouco as lendas de seu Estado. A lenda do fantasma do convento, ou fantasma da penha é uma boa oportunidade de saber mais das histórias que cercam o famoso ponto turístico da cidade de Vila Velha. Conta a lenda que certo frei, ao visitar a cidade, ouve dizer sobre o fantasma que assombra aqueles que tentam chegar ao topo da penha, incrédulo, tenta provar que tudo não passava de uma grande bobagem, no entanto, teve para seu desprazer uma experiência sobrenatural com o espectro, a quem venceu para honra da padroeira do Estado do Espírito Santo. Hoje em dia não se ouve falar sobre o fantasma da penha, mas o que assombra a todos é o desconhecimento sobre a cultura local, Santos (2006) entende como cultura “tudo aquilo que caracteriza a existência social de um povo ou nação ou então de grupos no interior de uma sociedade” e fala sobre “uma preocupação em entender os muitos caminhos que conduziram os grupos humanos às suas relações presentes e suas perspectivas de futuro” . Com este vídeo, produto de uma encenação da saga do frei beneditino, lançamos mão de técnicas teatrais, baseando-nos na fala de Coelho (2001), quando diz que o teatro reúne a maioria dos elementos vitais à ação cultural. Por ser um trabalho que envolve um grupo, consideramos ser a forma mais adequada à atividade proposta, encenar o roteiro e filmar, para posteriormente expor ao público. Esperamos como agentes culturais, que já nos consideramos ser, contribuir com a divulgação da cultura. Um salve a cultura capixaba!

    Evelyn Neto

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  2. Trabalhar com uma lenda, principalmente quando o assunto envolve religiosidade é um desafio, desafio este que é encarado de frente por um Gestor Cultural, que por meio de sua formação tem a capacidade de gerir todo esse processo, sem esquecer da necessidade do respeito as culturas e tradições, e das expressões culturais como um todo. O gestor cultural lida com uma gama de variaveis, processos sociais, históricos e culturais, com temáticas complexas e amplas, sempre levando em conta aspectos e dinâmicas próprias de produção, criação e recriação culturais de pessoas, comunidades e grupos. De forma que seu trabalho não se torne um amaranhado de conflitos sociais, criando desigualdades e desinterreses culturais o gestor necessidade de habilidades e práticas amadurecidas em sua área de trabalho. Daí a importância de uma competente formação para Gestor Cultural, que abranja diversas áreas do conhecimento, para que ele possa conhecer e estabelecer um perfil profissional ético e proativo, sendo capaz de gerir processos sociais, históricos e culturais, contribuindo para a promoção e proteção da diversidade cultural.


    Valéria Magewsck Teodoro Azevedo

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  3. Através das articulações desenvolvidas para o desenvolvimento da encenação da lenda "O fantasma da Penha" , tivemos a oportunidade de colocar em prática, conteúdos apresentados teoricamente em sala de aula, gerando assim um genuíno produto de ação cultural.
    Desde a elaboração do roteiro, escolha dos personagens e figurinos, fomos inseridas em um universo cultural, que por vezes parece estar tão inatingível para nós, porém, tão estreito a nossa realidade, como essa lenda do nosso estado.
    Tivemos a oportunidade de vivermos nosso momento "animador cultural", desenvolvendo a ação voltada puramente ao lazer e disseminação dessa lenda capixaba, tonando-nos GENTE DE CULTURA.
    Portanto, o produto gerado de nossa adaptação da lenda, resultou em algo que de certa forma é transformador, já que sua visualização poderá fomentar a curiosidade do espectador para o conhecimento de mais lendas capixabas, ampliando assim, o leque de informações sobre a cultura capixaba.
    Particularmente foi um trabalho muito prazeroso, já que pudemos contextualizar e desenvolver um trabalho embasado nos conteúdos que aprendemos em nossos seminários circulares e aulas expositivas da disciplina de Ação Cultural.
    Finalizo com algumas palavras de Teixeira (1988) onde expõe em algumas linhas o objetivo da ação cultural . "...a ação cultural de criação, ou ação cultural propriamente dita propõe-se... a fazer a ponte entre as pessoas e a obra de cultura ou arte, para que dessa obra, possam as pessoas retirar aquilo que lhes permitirá participar de um universo cultural como um todo e aproximarem-se umas das outras". (p.33). Isso foi o que sentimos na realização desse vídeo, a oportunidade de aproximar as pessoas com a cultura do nosso estado.

    Fernanda Melo

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  4. A lenda capixaba “O fantasma da Penha”, representa com respeito a tradição de um povo, o sincretismo entre as crenças populares e a fé católica. A lenda que tem como ambiente o município de Vila Velha, retrata a história de um frade e, tem como pano de fundo a fé em Nossa Senhora da Penha e as crenças e tradições das pessoas residentes da vila.

    Os conceitos de cultura são variados e não consensuais, mas SANTOS (1994, p.23) sintetiza-os em duas concepções básicas: “a primeira concepção de cultura remete a todos os aspectos de uma realidade social; a segunda refere-se mais especificamente ao conhecimento, às idéias e crenças de um povo”.

    O vídeo produzido por nós retrata uma história popular que faz parte da cultura das pessoas residentes não só no município de Vila Velha, mas também do estado do Espírito Santo e trabalha com os sentimentos e ensinamentos que a lenda pode despertar nas pessoas, o ensejo de fé, dedicação, coragem, temeridade e história popular.

    Teixeira Coelho (2006, p. 67), afirma que

    [...] através do agente cultural a arte se porá em contato com o indivíduo ou a comunidade tanto quando o artista penetrará na comunidade (e o inverso, de modo particular) assim como a comunidade alcançará os recursos necessários para uma certa prática cultural. (TEIXEIRA COELHO, 2006, p. 67)

    Segundo Barros (2003, p.85), “[...] pode-se ver o bibliotecário como catalisador da ação cultural, cuja meta é o desenvolvimento cultural integrado da comunidade, em duas dimensões: “por um lado, o conhecimento da cultura existente e, “por outro, a criação de uma cultura que está constantemente a se fazer””.

    O profissional da informação, o agente cultural ou gente de cultura deve buscar sempre o desenvolvimento cultural da comunidade em que atua, pois não é simplesmente ter a idéia e querer fazer na prática ações. Para a ação cultural dar certo, é necessário sempre estar preparados para lidar com os imprevistos, com as intervenções e principalmente com a falta de recursos. Dessa forma, é preciso estudar, elaborar, planejar, questionar e objetivar quais as intenções do projeto.

    Eagleton (2005) descreve que a cultura é transformação e Santos (2006) afirma que cultura diz respeito a todos os aspectos da vida social. São nesses parâmetros que o grupo se baseou desde o roteiro, encenação até a edição do vídeo, fazer a cultura local ser conhecida e motivar as pessoas a criar, a estar constantemente se transformando em seu cotidiano e diante da sociedade.

    Houve um aprendizado enorme no que diz respeito à produção dessa ação cultural, o grupo dialogou muito sobre como essa lenda histórica poderia atrair e despertar o interesse do público – principalmente as crianças. O objetivo é que várias crianças ou até mesmo adultos possam visualizar de forma lúdica como essa história vem sendo contada ao longo do tempo. Porque assim, ao disseminarmos a informação cultural, folclórica e religiosa do município de Vila Velha, quem sabe, possamos despertar a curiosidade nas pessoas para que elas conheçam tantas outras lendas e contos populares que existem no estado do Espírito Santo.

    Júlive Argentina

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  5. A lenda resgata a cultura folclórica e crendice popular no Espírito Santo, muitas dessas lendas são esquecidas pela população, e muitos nem conhecem as lendas. A lendas locais deveriam ser mais exploradas e estudas, principalmente nas escolas, assim muitos conheceriam as lendas e respeitariam mais a cultura local.
    As lendas populares são de suma importância para o resgate da cultura de um lugar e região. Disseminar esta cultura traz para nossos dias conhecimento e informação e respeito à cultura. Assim mais pessoas poderia conhecer a lenda.
    Disseminar a cultura e trazer novos conhecimentos e desenvolver novas ideias, assim promovendo uma disseminação das culturas locais e não deixando “morrer “ essas culturas que são tão importante para a população e para a região resgatar a sua história.

    Elisangela Polese

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